O SILÊNCIO DA LIRA:

A POESIA GAY BRASILEIRA DESTINADA À CRIANÇA

Resumo

Este artigo problematiza os primeiros dados, resultados e inquietações da pesquisa Mosaico de imagens: escola, preconceito e opressão no debate da produção cultural LGBTQIA+, centrando-se nas publicações poéticas, de temática gay, dirigidas a leitores em formação.  Nesse sentido, a quase absoluta ausência da poesia infantil de teor gay tornou-se bastante significativa, sobretudo se compararmos aos textos em prosa com propostas similares. Entre os poucos títulos que abordam a temática, sublinhamos Cada família é de um jeito (2006), de Aline Abreu, Eu tenho duas mães (2010), de Márcio Martelli e Na minha escola todo mundo é igual (2018), de Rossana Ramos – poemas analisados a partir dos estudos de Azevedo (1999), Zilberman (2005) e Aguiar e Ceccantini (2012). No geral, detectou-se que os poucos textos poéticos cotejados atendiam, em maior grau, à perspectiva utilitarista, em que o teor engajado no combate à homofobia acabava se sobrepondo à configuração estética do texto.