ATITUDES ATITUDES LINGUÍSTICAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA DE ESCOLAS DO CAMPO

UM OLHAR PARA O OESTE E NOROESTE DO PARANÁ

  • Izabella Regina Basso Pimentel Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
  • Clarice Cristina Corbari Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)
Palavras-chave: Língua portuguesa. Variação linguística. Atitudes linguísticas. Escola do campo.

Resumo

Este estudo objetiva analisar, sob a ótica da pedagogia da variação linguística, atitudes de professores de Língua Portuguesa que atuam em escolas do campo. A pesquisa, de natureza qualitativa interpretativista, tem como sujeitos cinco professoras de quatro escolas do campo localizadas nos municípios paranaenses de Tupãssi, Marechal Cândido Rondon e Quarto Centenário. Para refletir sobre conceitos relacionados ao tema da pesquisa, utilizamos autores que tratam da variação linguística (CALVET, 2002; LABOV, 2008), da relação entre língua e identidade (MORENO FERNÁNDEZ, 1998; CALVET, 2002; AGUILERA, 2008), da pedagogia da variação linguística (SOARES, 2000; BORTONI-RICARDO, 2004; 2005; 2008; BAGNO, 2007; MOLLICA, 2007; FARACO, 2015; FARACO; ZILLES, 2015; CYRANKA, 2015), das atitudes linguísticas (LAMBERT; LAMBERT, 1968; MORENO FERNANDES, 1998; AGUILERA, 2008), da formação de estereótipos, preconceito e estigma (GOFFMAN, 1963; BEM, 1973; CAGLIARI, 2000; BAGNO, 2003; BERGAMASCHI, 2006; BOTASSINI, 2013; CORBARI, 2013) e das crenças sobre ensino e aprendizagem (BARCELOS, 2001; 2004; 2006; ALMEIDA FILHO, 2008). Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários online aos sujeitos da investigação, e o recorte considerado refere-se às respostas a três grupos de questões voltadas ao componente cognoscitivo da atitude. A análise dos dados mostrou que as professoras têm consciência da variação linguística presente em seus contextos de atuação e uma concepção, de modo geral, não preconceituosa das variedades usadas nas respectivas localidades, não obstante algumas visões estereotipadas. Os dados também revelaram a crença na função da escola de propiciar o acesso à norma culta, sem incorrer na estigmatização das variedades usadas pelos alunos.

Biografia do Autor

Izabella Regina Basso Pimentel, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Unioeste, campus de Cascavel. Docente da rde pública de ensino do Estado do Paraná (SEED-PR).

Referências

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Publicado
2023-08-20