O AUTISMO SOB VÉRTICES HISTÓRICO E LINGUÍSTICO-COGNITIVO

UMA INVESTIGAÇÃO COM BASE EM MECANISMOS DE PROCESSAMENTO DA MEMÓRIA DECLARATIVA E PROCEDIMENTAL

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista (TEA). História. Linguística. Cognição.

Resumo

O presente manuscrito se propôs a analisar o Transtorno do Espectro Autista (TEA) sob vértices histórico e linguístico-cognitivo, sendo essas áreas constitutivas dos terrenos da Linguagem.  Conforme o DSM V-R, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o Autismo é caracterizado como um Transtorno que causa prejuízos no âmbito da sociabilização, comunicação e Cognição. Aliado a esses fatores, esse Transtorno é estudado também em detrimento de seus espectros ou níveis indo desde o grau de nível de suporte 1 até o grau de grande comprometimento linguístico – cognitivo – comportamental, caracterizado como nível de suporte 3. Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de cunho exploratório. Alguns resultados parciais, de acordo com os estudos de Walenski et al., (2007) demonstram que as habilidades lexicais do autista não são preservadas, mas aumentadas, haja vista a existência de possíveis disfunções da memória procedimental. Dito isso, os dados sugerem que a leitura é facilitada para os autistas nos casos em que as palavras Simples estão em posição alvo no experimento e que tempo de reação e reconhecimento das palavras não podem ser consideradas diretamente proporcionais, ou seja, para a criança autista reconhecer ou não a palavra não quer dizer que ela vai ler mais rápido. O que significará para ela, então, são muito mais questões relativas à presença ou não do componente gramatical representado pelos sufixos das palavras derivadas e que são processados pela memória procedimental.

Biografia do Autor

Rafaelly Ferreira Bezerra, Universidade Federal da Paraíba

Graduada em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa, Inglesa e suas Literaturas, Especialista em Linguística Aplicada à Língua Portuguesa e Psicopedagogia Institucional, Clínica e Hospitalar.   Mestre em Linguística  e Doutoranda em Linguística com ênfase em Psicolinguística no tocante aos estudos envolvendo Cognição e Linguagem.

Wilder Kleber Fernandes de Santana, Universidade Federal da Paraíba

Doutorando e Mestre em Linguística pelo Programa de Pós-graduação em Linguística (Proling) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestre e Bacharel em Teologia (Faculdade Teológica Nacional, 2016); Mestrando em Arqueologia Bíblica (Faculdade Teológica Nacional, 2017) e Especialista em Gestão da Educação Municipal (UFPB, 2017). Atua nas áreas de Língua Portuguesa e Linguística, desenvolvendo pesquisas em teorias do discurso, especificamente a perspectiva dialógica dos estudos da linguagem. É integrante do GPLEI (Grupo de Pesquisa em Linguagem, Enunciação e Interação).  

João Batista Lucena, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Cursando Mestrado em Educação UFRN. GRADUADO: TECNÓLOGO EM FABRICAÇÃO MECÂNICA (IFRN);
Técnico em Pecuária (UFRN); Técnico em Eletromecânica (eólica); Técnico de campo III (eólica);
Técnico em mecânica (eólica)

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.

BANDIM, José Marcelino. Autismo: Uma Abordagem Prática. Recife: Bagaço, 2011.

BARREIRA, Gabriela Martins Dutra. Estudo da Morfologia e da Sintaxe da Linguagem de Indivíduos Autistas de Alto Funcionamento. Teses. Icict. Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira, 2011.

BEZERRA, Rafaelly Ferreira. Memória Declarativa e Linguagem em crianças Asperger: Um estudo do processamento de palavras morfologicamente derivadas em eiro / eira no português brasileiro. Dissertação (Mestrado em Linguística). UFPB: João Pessoa, 2018.

BLEULER, Eugen. La esquizofrenia (1926). Revista de la Asociación Española de Neuropsiquiatría., v. 16, n. 60, p. 664-676, 1996.

BOSA, Cleonice. Autismo: Atuais interpretações para antigas observações. 2002. Disponível em: http://peadinclusao.pbworks.com/f/palestracleonice.pdf. Acesso em: 15 de Maio de 2018.

CAMILO, Adelaide Maria Nunes. A Segmentação de Palavras e O Processo de Aquisição de Linguagem. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anp/v56n1/1860.pdf. Acesso em:14 de Maio de 2023.

CORREIA, Debora Vasconcelos. Relações entre Memória Procedimental e Linguagem em pessoas que gaguejam: Um estudo com base no processamento da correferência anafórica em português brasileiro. UFPB: João Pessoa, 2014.

COSTA & NUNESMAIA. Diagnóstico genético e clínico do autismo infantil. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/anp/v56n1/1860.pdf.Acesso em: 14 de Maio de 2023.

DURRLEMAN et al. Complex syntax in autism spectrum disorders: a study of relative clauses: in: International Journal of Language & Communication Disorders. V. 50, Issue 2, March-April 2015.

EIGSTI, Inge-Marie; BENNETTO, Loisa; DADLANI, Mamta B. Beyond pragmatics: Morphosyntactic development in autism. Journal of autism and developmental disorders, v. 37, p. 1007-1023, 2007.

FERNAMDES, F. D. M. Ecolalia em Psicoses Infantis, 1993. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/jhgd/article/view/37704/40431. Acesso em: 27 de Junho de 2023.

GILBERG, C. Asperger síndrome in 23 swedish children. Dev Med Child Neurol. 31: 520-531, 1989.

GÓMEZ, Ana Maria Salgado et al. Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Cultural, S.A, 2014.

KLIN, A. Autismo e Síndrome de Asperger: uma visão geral. Revista Brasileira de Psiquiatria. Vol.28 (supl I); pS3-S11, 2006.

ORRÚ, Silvia Ester. Síndrome de Asperger: Aspectos Científicos da Linguagem, 2010. Disponível em: https://docplayer.com.br/6718592-Sindrome-de-asperger-aspectos-cientificose educacionais.html. Acesso em: 17.03.23.

PACCIA, J. M.; CURCIO, F. Language Processing and Fonns of Imediate Echolalia in Autistic Children. Journal of Speech and Hearing Research, 25(2): 42-7, março 1982.

POLDRACK, R. A., & PACKARD, M. G. Competition among Multiple Memory Systems: Converging Evidence from Animal and Human Brain Studies. Neuropsychologia, 41, 245-251. (2003).

SCHOPLER et al. Asperger or high-functioning autism. eBOOK, New York, 1998.

SOARES, Carla Sofia Ferreira. O Espectro do Autismo: Trabalho de Conclusão de curso. 2009. Disponível em: http://repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.11796/779/2/PG-EE-2009CarlaSofiaSoares.pdf. Acesso em: 13.06.23.

STEINER, Carlos Eduardo. Aspectos genéticos e neurológicos do autismo: proposta de abordagem interdisciplinar na avaliação diagnóstica do autismo e distúrbios correlatos. Campinas, 1998. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Estadual de
Campinas.

ULLMAN, Michael T; WALENSKI, Matthew. The science of language, vol. 22, no. 2-4, 2005, pp. 327-346.

ULLMAN, Michael T., Contributions of memory circuits to language: the declarative /procedural model. Brain and Language Laboratory, Departaments of Neuroscience, Linguistics, Psychology and Neurology. Georgetown University, Washington - DC, USA, 2003.

VARGAS, Rosanita Moschini et al. Autismo e Esquizofrenia: Compreendendo diferentes condições. (Anais), Educasul: Florianópolis, 2015.

VULCHANOVA, Mila et al. Morphology in autism spectrum disorders: Local processing bias and language. Cognitive neuropsychology, v. 29, n. 7-8, p. 584-600, 2012.

WALENSKI, Matthew et al. Brief report: enhanced picture naming in autism. Journal of autism and developmental disorders, v. 38, p. 1395-1399, 2007.

WALENSKI, Matthew; MOSTOFSKY, Stewart H.; ULLMAN, Michael T. Inflectional morphology in high-functioning autism: Evidence for speeded grammatical processing. Research in autism spectrum disorders, v. 8, n. 11, p. 1607-1621, 2014.

WETHERBY, A. M.; KOEGEL, R. L.; MENDEL, M. Central Auditory Nervous System Dysfunction in Echolalic Autistic Individuals. Journal of Speech and Hearing Research, 24(3): 420-29, setembro, 1981.

WHITAKER et al. Handbook of the Neuroscience of Language. Copyright ©, Elsevier LTD, 2008.

WING, L. Continuum autistic. In: GAUDERER, E.C.; RITVO, E.R.; ORNITZ, E.M. Autismo e outros atrasos do desenvolvimento – uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), 1992.
Publicado
2023-08-20

##plugins.generic.recommendByAuthor.heading##