LITERATURA INDÍGENA

ANCESTRALIDADE, PERTENCIMENTO E RESISTÊNCIA EM AY KAKYRI TAMA - EU MORO NA CIDADE, DE MÁRCIA KAMBEBA

  • Francisco Bezerra dos Santos UFPR
  • Alex Viana Pereira UEA
Palavras-chave: Literatura Indígena; Memória ancestral; Pertencimento; Resistência.

Resumo

O objetivo deste artigo é refletir sobre os temas ancestralidade, pertencimento e resistência presentes na obra Ay Kakyri Tama: Eu moro na cidade (2013), de Márcia Kambeba. O livro representa a luta dos povos indígenas, sobretudo do povo Omágua/Kambeba e enfatiza a memória ancestral, os costumes e outras características que revelam a forma de ver, pensar, resistir e existir num mundo que a cada dia coloca novos desafios para os povos indígenas. A obra é um misto porque reúne poesia e fotografia para enfatizar a vida de indígenas que moram na cidade. Assim, o estudo propõe ainda uma breve reflexão sobre o caminho percorrido pela representação e temática indígena na literatura, discorrendo também sobre o Movimento Indígena de 1970, Constituição Brasileira de 1988 e a Lei 11.645/2008, enfatizando a ascensão da literatura indígena contemporânea brasileira, que manifesta tessituras sobre os saberes e a diversidade étnica e cultural, dando sentido a memória e ancestralidade dos povos da floresta, contestando, por fim, a história contada pelos colonizadores que aqui chegaram e se denominaram “descobridores” do Brasil.

Referências

ALMEIDA, Maria Inês de, QUEIROZ, Sônia. Na captura da voz: as edições da narrativa oral no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica: FALE/UFMG, 2004.

ALMEIDA, Maria Inês de. Desocidentada: experiência literária em terra indígena. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009.

BICALHO, Poliene Soares dos Santos. Protagonismo Indígena no Brasil: Movimento, Cidadania e Direitos (1970-2009). Tese (Doutorado em História Social) – Universidade de Brasília. Brasília, DF: UNB, 2010.

BRASIL. Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm. Acesso em 10/09/2018.

DELCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo, Editora Horizonte / Rio de Janeiro, Editora da UERJ, 2012.

DIAS, Gonçalves. Literatura comentada. São Paulo: Abril Educação, 1982.

DORRICO, Julie. Vozes da literatura indígena brasileira contemporânea: do registro etnográfico à criação literária. In: Dorrico, Julie et al. (Orgs.), Literatura indígena brasileira contemporânea: criação, crítica e recepção, Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018. p. 424-83.

GRAÚNA, Graça. Contrapontos da Literatura Indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2013.

GUESSE, Érika Bergamasco. Shenipabu Miyui: literatura e mito. Tese (Doutorado em Estudos Literários). – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara, 2014.

KAMBEBA, Márcia. Ay Kakyri Tama: Eu moro na cidade. Manaus: Grafisa Gráfica e Editora, 2013.

KAMBEBA, Márcia. O olhar da palavra: Escrita de resistência. In: DORRICO, Julie; DANNER, Fernando; DANNER, Leno Francisco (Orgs.). Literatura indígena brasileira contemporânea: autoria, autonomia, ativismo. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2020, p. 89-97.

LIMA, Amanda Machado Alves de. O livro indígena e suas múltiplas grafias. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.

OLIVIERI-GODET, Rita. Vozes de mulheres ameríndias nas literaturas brasileiras e quebequense. Rio de Janeiro: Makunaíma, 2020.

PÃRÕKUMU, Umusi, KEHÍRI, Torãmu. Antes o mundo não existia: a mitologia dos índios Desâna. 1. ed. São Paulo: Livraria Cultura, 1980).

SAID, Edward. Representações do intelectual: as Conferências Reith de 1993. Trad. Milton Hatoum. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

SANTOS, Francisco Bezerra dos. Uma poética da floresta: a narrativa indígena no Amazonas. Dissertação (Mestrado em Letras e Artes) – Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2020.

SILVA, Edson. O ensino de História indígena: possibilidades, exigências e desafios com base na Lei 11.645/2008. Revista História Hoje, v. 1, n. 2, p. 213-223, 2012.

THIÉL, Janice Cristine. Pele silenciosa, pele sonora: a literatura indígena em destaque. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
Publicado
2020-11-03